Análise

OMS: Adolescentes portugueses não gostam da escola

por EDULOG


13 de maio de 2016 |

Os adolescentes portugueses são dos que menos gostam da escola. Também os que mais acusam a pressão das aulas. E dos que pior se autoavaliam. O último estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) inquiriu alunos de 11, 13 e 15 anos de 42 países e regiões da Europa e da América do Norte, sobre os seus hábitos e comportamentos na escola. Em Portugal participaram 6 mil jovens a frequentar o 6.º, 8.º e 10.º ano. Os resultados foram divulgados em março.

Quando os investigadores do inquérito internacional “Health Behaviour in School-aged Children”, da OMS, perguntaram aos adolescentes portugueses de 15 anos se gostavam da escola apenas 11% dos rapazes e 14% das raparigas responderam “sim bastante”. Um dado preocupante já que segundo a OMS “uma experiência positiva na escola é fonte de saúde e bem-estar enquanto uma negativa pode constituir um fator de risco, afetando a saúde física e mental”.

Comparando as respostas em todas as faixas etárias, sem distinção entre os sexos, é entre os mais novos que se encontra a maior percentagem de respostas positivas a esta experiência. Cerca de 41% dos alunos de 11 anos diz gostar bastante da escola. Mas à medida que crescem os alunos vão deixando de gostar da escola. Aos 13 anos, 26% continua a dizer sim e quando se atingem os 15 anos restam 23%. De modo geral, nas três idades contempladas por este estudo, as raparigas mostram gostar mais da escola do que os rapazes, facto que sobressai sobretudo aos 11 anos.

Entre os 28 países-membros da União Europeia, os alunos de 15 anos da Eslovénia são os que mais gostam da escola, seguidos dos colegas da Hungria, Lituánia e Áustria. Com menos alunos a dizer que gostam bastante da escola – ainda menos que o número de alunos portugueses – estão países como a Finlândia, Croácia, Itália, Estónia, Grécia e Bélgica francófona.

Sucesso escolar

No que diz respeito ao modo como os alunos se autoavaliam, foi-lhes colocada a questão: “Na tua opinião o que o teu professor pensa sobre o teu aproveitamento escolar quando comparado com o dos teus colegas?” Em todos os países, à medida que os alunos vão crescendo a perceção sobre o seu sucesso educativo vai sendo mais negativa. Aos 11 anos, 77% dos inquiridos considera que tem bons ou muito bons resultados na escola, aos 13 anos a percentagem cai para os 65% e aos 15 anos para os 60%.

Portugal segue a mesma tendência. Aos 11 anos os alunos portugueses têm a 38.ª pior autoavaliação, dos 42 países e regiões. Aos 13 anos a perceção sobre o seu sucesso escolar melhora ligeiramente e sobe uma posição, mas aos 15 anos os portugueses descem para a 41.ª posição na tabela. São os que menos se veem a si próprios como bons alunos. Apenas 35% das raparigas e 50% dos rapazes avaliam o seu desempenho como sendo bom ou muito bom, quando a média dos 42 países e regiões é 60%.

Pressão dos “estudos”

Os jovens experimentam níveis elevados de stress, relacionados com a pressão que sentem na escola, alerta o relatório da OMS. Os sintomas mais comuns são dores de cabeça, de barriga, nas costas e tonturas. Além do mal-estar físico, os peritos da saúde mundial lembram que o stress pode ainda conduzir a problemas psicológicos, como tristeza, tensão e nervosismo.

De modo geral, os alunos sentem-se mais pressionados pelos estudos à medida que vão avançando de ano e progredindo no sistema educativo. Assim, no 6.º ano apenas 23% dos alunos acusa alguma pressão, no 8.º ano são 36% dos alunos e ao chegar ao 10.º ano contam-se muitos mais: 45%. No que toca às diferenças entre géneros, a tendência para o aumento da pressão a cada ano escolar é mais acentuada entre as raparigas. Portugal não difere dos restantes países. Aos 15 anos, 67% das raparigas e 42% dos rapazes confessa-se pressionado pelas tarefas da escola.

Olhando os vários sintomas descritos no relatório da OMS: 52% dos alunos portugueses acusam este mesmo nervosismo relacionado com a sua atividade escolar, mais do que uma vez por semana. Já 42% dos adolescentes sente-se irritado, 29% confessa tristeza e 24% ter medo. Quanto aos sintomas físicos do stress 36% dos alunos portugueses não passam sete dias sem ter dores de cabeça, 38% dores nas costas e 32% dores no pescoço e nos ombros.

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