Análise
por EDULOG
20 de junho de 2018 |
Não é novidade, os jovens entre os 15 e os 24 anos são o grupo mais conectado no mundo. Ora, 71% estão online, comparados com 48% da população total. Um em cada três utilizadores da Internet tem menos de 18 anos. E, um número crescente de estudos tem mostrado que as crianças acedem cada vez mais cedo.
Na educação, as ferramentas digitais geram novas oportunidades. Por um lado, aumentam a motivação dos alunos. Tornam o ensino mais divertido. Por outro lado, possibilitam levar a “escola” onde ela não existe. Seja a lugares remotos, ou a crianças em mobilidade forçada por guerras e conflitos. O cenário é menos claro quando se trata de saber se o apetrechamento digital está, efetivamente, a melhorar o ensino. Uma constatação parece ser evidente, subscreve a Unicef, “não basta apenas proporcionar às crianças o acesso à tecnologia”. Aplicada à educação, significa que é preciso fazer muito mais.
Como é óbvio, falar em crianças conectadas também implica falar naquelas que estão a ficar para trás. A Unicef revela os números dessa outra realidade. Nove em cada dez jovens, entre os 15 e os 24 anos, que não usa a Internet vive na África, Ásia ou Pacífico. A exclusão digital, porém, não significa apenas falta de acesso. Atualmente, fala-se num segundo nível de desigualdade digital. Que se manifesta, essencialmente, em dois aspetos: diferenças nas atividades online nas quais as pessoas se envolvem e diferenças ao nível das competências digitais que apresentam.
O relatório “Situação Mundial da Infância 2017 - As crianças no mundo digital” fornece ainda um conjunto de recomendações aos Governos mundiais em matéria de política digital. Entre elas, a necessidade de ensinar literacia digital às crianças e de melhorar a utilização das tecnologias na escola. Antes de ler o que a Unicef tem a dizer acerca dos riscos e dos benefícios do digital, ouvem-se as opiniões das crianças e dos jovens sobre o que fazem online?
Comecemos pelo que dizem as crianças e os jovens sobre as suas experiências online. Para que usam a Internet? Como aprendem a navegar? Parte do estudo sobre a situação mundial da infância incluiu o recurso ao U-Report, uma ferramenta de sondagens que funciona por envio de mensagens. É usada por quase quatro milhões de jovens para partilhar opiniões. Através dela, os investigadores da Unicef enviaram quatro questões aos U-Reporters de todo o mundo. No retorno, obtiveram 63 mil respostas de adolescentes e jovens, entre os 13 e os 24 anos, oriundos de 24 países.
Argélia, Bangladesh, Brasil, Burkina Faso, Burúndi, Camarões, República Centro-Africana, Chade, Chile, Costa do Marfim, El Salvador, Guatemala, Honduras, Índia, Indonésia, Libéria, Malásia, México, Mongólia, Paquistão, Peru, Filipinas, Tailândia e Ucrânia foram os contemplados por deles se obter um mínimo de 100 respostas.
Mas vamos às perguntas. Primeira: “Como aprendeste a usar a Internet?” 42% dos inquiridos diz que aprendeu por si próprio. No topo da lista da auto-aprendizagem surgem os jovens das Honduras (69%); no fundo os da República Centro-Africana (19%). Quando não aprendem sozinhos, 39% dos inquiridos é ensinado por amigos ou irmãos. Isto acontece com mais frequência nos países com baixo rendimento.
Segunda: “O que gostas na Internet?” 40% responde que gosta de aprender coisas para a escola e sobre saúde. Já 24% gosta de aprender competências que não aprende na escola. A possibilidade de aprender, frisa a Unicef, é “especialmente importante” para 47% dos jovens e adolescentes da Indonésia, 35% do Burúndi e 34% do Brasil. Apenas 9% dos inquiridos referem que a Internet é “boa” para “ler sobre política e/ou melhorar a minha comunidade”. Uma resposta que ganha mais adeptos, entre os jovens de maior idade.
Terceira: “O que não gostas na Internet?” 23% dos inquiridos elege a violência. Mas incomodam-se mais as raparigas (27%) do que os rapazes (20%). Não gostam quando as páginas apresentam “conteúdo sexual não desejado” 33% dos jovens, sem diferença quanto ao sexo. As respostas variam antes com a condição económica: os jovens de países mais desfavorecidos sentem-se mais incomodados com este tipo de conteúdos (42% versus 16% dos jovens nos países com elevado rendimento). “Não há nada que eu não goste na Internet” é o que afirmam 13% dos jovens a viver em países com baixo rendimento e 3% dos que vivem em países com elevado rendimento.
Quarta: “O que tornaria a Internet melhor para ti?” As respostas voltam a refletir as diferenças económicas. Pedem maior acesso a dispositivos digitais 31% dos jovens nos países com baixo rendimento, 12% nos países com médio-baixo rendimento, 9% nos países com médio-elevado rendimento e 10% nos países com elevado rendimento.
É reconhecido o potencial das tecnologias da informação e da comunicação (TIC) quando aplicadas no ensino. Aumentam a motivação dos alunos. Tornam a aprendizagem mais divertida e colaborativa. Personalizam o ensino. Permitem aos alunos aprender ao seu ritmo. E ajudam professores com recursos limitados a proporcionar melhores oportunidades de aprendizagem.
Quando se trata de saber se as TIC estão a melhorar o ensino na sala de aula, a resposta é menos clara. Para a Unicef, o paradoxo da revolução digital na educação foi capturado por Steve Jobs, fundador e CEO da Apple. Assumindo-se como “a pessoa que mais equipamentos informáticos forneceu às escolas, no planeta”, Jobs concluía que "o que está errado na educação não pode ser reparado com tecnologia”. Estudos nesta área corroboram, cada vez mais, a visão de Jobs. “A tecnologia só terá alguma possibilidade de melhorar os resultados da aprendizagem se for apoiada por bons professores, alunos motivados uma pedagogia sólida”, concorda a Unicef.
Atente-se, novamente, ao potencial. São vários os exemplos de como as ferramentas digitais e a conectividade possibilitam o acesso à educação. Sobretudo em locais onde poucas oportunidades existem. No Brasil, o Centro de Mídias de Educação do Amazonas fornece conteúdos educativos, desde 2007, a crianças e jovens que vivem em zonas remotas. Para isso, utiliza a televisão por satélite. As aulas são lecionadas por professores na capital do Estado de Manaus e transmitidas nas salas de aula em comunidades rurais. Os alunos recebem apoio presencial de tutores. Mas podem colocar perguntas aos professores em tempo real.
Nos Camarões, o projeto-piloto “Connect My School” fornece conteúdos educativos e ferramentas digitais para conectar crianças que vivem em áreas remotas do país. A ligação à Internet é fornecida por equipamentos movidos a energia solar, com um alcance de 500 metros, possibilitando, assim, ligação à rede em toda a escola. Tablets “amigos” das crianças, com um sistema de controlo parental, permitem o acesso a aplicações educativas, como a Wikipédia, mas também a jogos, apps para desenhar, escrever textos e editar fotos e vídeos. A iniciativa abrande dois mil alunos do quinto ano.
“Aproveitar as oportunidades que as tecnologias digitais oferecem para melhorar a aprendizagem e as competências dos alunos pode parecer natural, mas isso só acontecerá se educadores e designers de tecnologia aprenderem com os erros do passado”, adverte a Unicef. O primeiro erro é que “não basta apenas proporcionar às crianças o acesso à tecnologia – a computadores portáteis e tablets – sem os apoiar com professores formados e software que complemente os currículos escolares”. Dar aos alunos as ferramentas digitais faz com que utilizem a tecnologia, mas pouco parece fazer na melhoria da aprendizagem.
Para provar esta ideia, a Unicef recorda os contornos do mundialmente conhecido programa “One Laptop per Child”(OLPC). Em 2006, o OLPC fazia chegar os primeiros portáteis às escolas primárias. Mais de três milhões de portáteis foram distribuídos em todo o mundo até 2016. Vários países, como a Argentina, México, Peru, Ruanda e Uruguai, implementaram programas nacionais semelhantes para cada criança do primeiro ao sexto ano. E, obviamente, fizeram grandes aquisições de equipamentos.
Depois da distribuição massiva de portáteis, surgiram os estudos que avaliavam o impacto da iniciativa. Em 2009, uma pesquisa mostrava que as crianças do Uruguai consideravam os portáteis fáceis e divertidos de usar. No entanto, em 2012, estudos realizados no Peru não encontravam evidências que o programa tivesse melhorado a aprendizagem dos alunos a Matemática ou Línguas. Tão pouco que os portáteis tivessem aumentado o tempo dedicado aos trabalhos de casa, influenciassem os hábitos de leitura ou aumentassem a motivação elevada. Hoje, o OLPC está encerrado, prestando apenas apoio mínimo aos países que compraram os seus equipamentos.
A solução para melhorar as aprendizagens poderá estar na utilização “combinada” entre ferramentas digitais e a orientação de adultos, num ambiente de sala de aula tradicional. A investigação sugere que o ensino combinado - b-learning - pode melhorar resultados apenas quando é bem planeado e a prática docente bem suportada. Mas projetos semelhantes nem sempre produzem os mesmos resultados, garante a Unicef.
Em 2009, um estudo conduzido pelo Banco Mundial mostrava que o programa “Computadores na Educação” implementado na Colômbia teve “pouco impacto nas classificações obtidas a Matemática e nos testes de Espanhol dos alunos, nas horas de estudo, nas perceções sobre a escola e no relacionamento com seus pares”.
Do mesmo modo, em 2013, um estudo experimental realizado na Califórnia com 1123 alunos dos 6 aos 12 anos revelou que a distribuição de computadores teve um grande impacto na propriedade do equipamento e no total de horas do seu uso. Mas sem nenhuma prova de que isso afetou os resultados escolares, notas finais, classificações nos exames nacionais e comportamento disciplinar. As razões por que alguns programas têm sucesso enquanto outros falham não são claras, constata a Unicef, defendendo que seja feita mais pesquisa.
Cada criança cresce num mundo digital, alimentado por tecnologia e informação. Mas nem todas acedem a ele. As disparidades no acesso são “particularmente impressionantes” nos países com baixo rendimento. Dados da Unicef mostram que menos de 5% das crianças menores de 15 anos usam a Internet no Bangladesh e no Zimbabué.
Por um lado, a desigualdade digital, também descrita como divisão digital ou exclusão digital, reflete desigualdades sociais e económicas. Diferenças entre ricos e pobres, homens e mulheres, cidades e áreas rurais e entre quem tem ou não certa escolaridade. Por exemplo, 81% das pessoas nos países desenvolvidos usam a Internet; 40% nos países em desenvolvimento e 15% nos países menos desenvolvidos. Por outro lado, não se limita a separar o conectado e o desconectado. As desigualdades digitais são mais profundas, sinaliza a Unicef. Refletem a forma como as pessoas – incluindo as crianças – usam a informação e as tecnologias da comunicação e a qualidade da sua experiência online.
As crianças desconectadas perdem acesso a recursos educativos, a informação e oportunidades de aprender online. Mas também perdem oportunidades de fazer novas amizades e explorar outras formas de auto-expressão. A conectividade pode significar a diferença entre a exclusão social e a igualdade de oportunidades, para as crianças desfavorecidas. Pode garantir uma viagem mais segura às crianças em mobilidade. Ou a possibilidade de permanecer em contacto com a família. Na idade, ao entrar no mundo do trabalho, estar conectado pode fazer a diferença entre conseguir ganhar a vida ou não.
Quem são as crianças desconectadas? Quase nove em 10 jovens, entre 15 e 24 anos, que não usam a Internet vivem na África, Ásia e Pacífico. Em 2017, África batia o recorde de não utilizadores entre os 15 e os 24 anos. Ou seja, na faixa etária considerada bastante conectada. As disparidades no acesso são particularmente visíveis em alguns países com baixo rendimento. No Bangladesh e no Zimbabué, menos de uma em 20 crianças com menos de 15 anos usa a Internet.
Sem surpresas, as crianças dos países com baixo rendimento não são as únicas a enfrentar barreiras no acesso. Nos países com elevados níveis de conectividade, “os rendimentos familiares contribuem muito para determinar a capacidade das crianças para atender às suas necessidades de estarem online”, assinala a Unicef. Em 2015, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), revelou discrepâncias substanciais, tanto no acesso a computador como à Internet. Em média, 88% dos alunos favorecidos tinham dois ou mais computadores em casa, comparados com apenas 55% dos alunos desfavorecidos.
A Unicef está ainda preocupada com um segundo nível de desigualdade digital. Vai além do acesso. Abarca as diferenças nas competências digitais, atividades online, padrões de utilização da Internet e dispositivos usados.
Em 2011, a EU Kids Online, uma rede de investigação europeia, entrevistou 25 mil crianças e os seus pais em 25 países europeus. Portugal foi um deles. O estudo mostrava que as crianças das famílias mais ricas envolviam-se num repertório mais amplo de atividades do que as crianças de famílias menos abastadas. A OCDE chegava à mesma conclusão. O PISA 2015 revelava que, em todos os países, os jovens de contextos socioeconómicos mais favorecidos eram mais propensos a usar a Internet para obter informações práticas ou ler as notícias. Em contraste, os mais desfavorecidos tendiam a gastar o seu tempo online a conversar e jogar.
A Unicef dá conta de uma outra desigualdade. Muitos utilizadores em países com médio e baixo rendimento, sem acesso consistente à Internet e a computadores pessoais, estão a usar smartphones para entrar na era da informação. No entanto, a organização vem dizer que estes dispositivos não são “substitutos funcionalmente equivalentes” dos computadores pessoais. Fornecem aos utilizadores uma experiência online que fica aquém da proporcionada pelo PC.
Nos Estados Unidos, pesquisas sobre a adoção de smartphones mostram que os adolescentes de famílias com baixos rendimentos tendem a ficar online principalmente através dos seus dispositivos móveis. Do mesmo modo, as crianças de famílias com baixos rendimentos, com acesso à Internet apenas via dispositivos móveis, usavam-nos com menos frequência e para um conjunto mais restrito de atividades.
As descobertas do Global Kids Online (GKO), um projeto de pesquisa coordenado pela Unicef, vão no mesmo sentido. Desde 2016, o GKO entrevistou 10 mil crianças de 10 países (Argentina, Brasil, Bulgária, Chile, Gana, Montenegro, Filipinas, Sérvia, África do Sul e Uruguai). Os resultados sugerem que a experiência de utilizador de crianças que acedem à Internet apenas via telemóvel pode ser diferente. Sobretudo porque “o pequeno ecrã limita a quantidade e complexidade do conteúdo que pode ser facilmente visualizado.” Quando pesquisam informações online, por exemplo, “os utilizadores de dispositivos móveis tendem a fazer uma busca pelo conteúdo em vez de o processar e analisar mais profundamente”, referem os investigadores.
As crianças representam já uma percentagem substancial da população globalmente em rede. E a sua participação só vai aumentar no futuro, à medida que a Internet chega às regiões de maior densidade de crianças e jovens. Em meados do século, África será o lar de 40% de todos os menores de cinco anos e de 37% dos menores de 18 anos. Ora, a balança do benefício e do risco desequilibra para o lado dos mais desfavorecidos e marginalizados: tendem a colher menos benefícios da Internet e da conectividade e a sofrer mais danos com os aspetos negativos.
Seja como for, a Internet é já uma segunda casa para muitos jovens. Por essa razão, a Unicef urge para que a legislação acompanhe a realidade. Especialmente quando se trata de proteger dos piores riscos da conectividade. “Quem usa a Internet para explorar e prejudicar as crianças faz uso rápido de todas as lacunas”, alerta a Unicef. Não menos importante, acrescenta a organização, é “a necessidade de desenvolver políticas e promover práticas empresariais que expandam o acesso equitativo a conteúdos online”.
Diz ainda a Unicef: “Não são necessárias mais orientações, por si só, mas princípios acordados e ações prioritárias que reconheçam a responsabilidade da sociedade em proteger as crianças face aos perigos do mundo digital, mas também as ajudar a beneficiar da promessa de conectividade.” A seguir leem-se cinco recomendações da Unicef aos Governos.
Primeira: acesso suportável a recursos de qualidade Proporcionar a todas as crianças acesso suportável a recursos online de elevada qualidade deve ser uma prioridade. As crianças enfrentam um conjunto de barreiras para aceder à Internet. Umas mais visíveis: o elevado custo de acesso online, infraestruturas deficitárias e falta de acesso a dispositivos. Outras invisíveis: o género, normas sociais, práticas culturais e estatuto de minoria. As raparigas correm mais risco de perder o acesso, por preocupações sociais de que a Internet é um lugar inadequado para elas.
A Unicef assinala ainda a falta de conteúdos relevantes e em linguagem apropriada para os mais novos. Sem esquecer os problemas em torno do tipo de dispositivos que as crianças usam para aceder à Internet. A solução aumentar drasticamente o acesso entre as crianças não conectadas, adianta a Unicef, passa por baixar o custo da conexão à Internet, mas também por criar pontos de acesso público em escolas, bibliotecas, centros comunitários, parques e centros comerciais.
Segunda: proteger as crianças dos riscos A era digital ampliou riscos existentes e criou novos. Abuso, exploração e tráfico de crianças online prevalecem não apenas na Dark Web, mas também em plataformas e medias sociais. A estes juntam-se outros riscos: cyberbullying e exposição a materiais inadequados, como sites pornográficos ou a jogos de azar. “É preciso juntar esforços e escalar abordagens para ajudar as polícias a ficar à frente dos infratores online mas também trabalhar com o setor privado para desenvolver padrões éticos que protejam as crianças”, adverte a Unicef.
Outra questão diz respeito à proteção da privacidade e identidade das crianças na Internet. Dados gerados através da utilização dos media sociais podem ser usados por publicidade e marketing inadequados. Por outro, uma fotografia ou comentário embaraçoso publicados podem seguir as crianças até à idade adulta.
Os dados de crianças e jovens devem ser protegidos conforme as normas de consentimento, confidencialidade, armazenamento seguro e proibição de divulgação ilegal de informação. Em ferramentas e plataformas digitais, a privacidade das crianças deve estar protegida por definições máximas. Empresas de media sociais e outras plataformas devem escrever os termos, condições e políticas de privacidade numa linguagem clara para as crianças. E também criar formas fáceis de denunciar infrações.
Terceira: ensinar literacia digital Apesar de serem considerados “nativos digitais”, a Unicef recorda que “as crianças não entendem automaticamente a sua vulnerabilidade aos riscos online ou a sua própria responsabilidade de bons cidadãos digitais”. Por isso, as escolas devem incorporar programas de literacia digital desde os primeiros anos.
Designa-se por literacia digital um conjunto de competências que incluem a capacidade de pesquisar, avaliar e gerir informações encontradas online, de interagir, partilhar e colaborar online, mas também de desenvolver e criar conteúdos, usar recursos de segurança e proteção, resolver problemas e ser criativo.
A Unicef escreve ainda que “é preciso fornecer às crianças acesso a oportunidades comprovadas de educação online. Lembrando: “O, de certo modo, dececionante histórico das TIC na educação ressalta a necessidade de testar vários modelos que realmente melhorem os resultados da aprendizagem e possam ampliar o acesso a oportunidades efetivas de educação.” Apoiar a criação de bibliotecas online, como a “Libray for All”, pode abrir um mundo de recursos – incluindo de livros digitais e manuais didáticos, vídeos e música – para crianças que, de outra forma, não teriam acesso.
Quarta: envolver o setor privado Responsabilidade social implica que o setor privado ajude ativamente a proteger a privacidade das crianças, recorda a Unicef. Como? Alterando as configurações padrão dos produtos e serviços. Fornecendo conselhos regulares aos utilizadores. E desenvolvendo tecnologias éticas. Ou seja, aplicações cujo objetivo não é apenas manter as crianças ligadas por mais tempo possível, mas atender às suas necessidades reais, mesmo que isso signifique passarem menos tempo online, defende a Unicef.
Quinta: pôr as crianças no centro da política digital As crianças representam um terço dos utilizadores da Internet. Apesar disso, “as políticas nacionais e internacionais não têm suficientemente em conta as necessidades e os direitos das crianças”, acusa a Unicef. A organização lembra ainda que são precisos mais estudos. “Para acompanhar o impacto do acesso à Internet sobre a equidade e as oportunidades é vital investir na recolha de dados sobre a conectividade das crianças. A evidência deve ser usada para orientar a elaboração de políticas.” Por fim, as necessidades e as opiniões das próprias crianças devem ser integradas em todos os regulamentos e políticas relacionadas com o mundo digital.