Análise
por EDULOG
11 de maio de 2018 |
Há cada vez mais professores a implementar novas maneiras de ensinar nas escolas. Veja-se o exemplo das 2 855 inovações catalogadas pelos investigadores do Centre for Universal Education. No entanto, estas experiências resultam, com frequência, de práticas muito especificas e contextualizadas, o que gera dificuldades quando é preciso dar escala a estas inovações e adaptá-las a outros contextos, diz a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Para ajudar neste desafio, a publicação “Teachers as Designers of Learning Environments: The Importance of Innovative Pegagogies” apresenta um mapa explicativo das inovações pedagógicas, identificando seis clusters que ligam a prática à teoria.
Para construir clusters de pedagogias inovadoras, os peritos da OCDE procuraram, em primeiro lugar, iniciativas dirigidas às competências do século XXI, entendidas como criatividade, pensamento crítico e capacidade de resolver problemas, literacia económica e financeira, literacia para a saúde, literacia digital, conhecimento geral e cidadania.
Foram ainda selecionadas todas as iniciativas focadas em competências em detrimento de conteúdos. Neste sentido, áreas inovadoras como a educação para o desenvolvimento sustentável ou cidadania foram também incluídas em alguns dos clusters. Do mesmo modo, iniciativas inovadoras já bem estabelecidas, como a aprendizagem cooperativa e socio-emocional, foram consideradas pilares da “nova ciência da aprendizagem” e estão na base de quase todos os seis clusters identificados pela OCDE.
De acordo com a OCDE, o ensino b-learning procura usar a tecnologia para criar um ensino mais personalizado e permite um novo uso do tempo passado em sala de aula. Segundo este modelo, a sala de aula é vista como um lugar onde o aluno aplica o conhecimento e aprofunda as interações face-a-face, com o professor ou os pares.
Existem três formas de ensinar neste cluster de pedagogias: a) sala de aula invertida: os alunos trabalham os temas, primeiro, e só depois recorrem ao professor para aprofundar conhecimentos; b) lab-based model: os alunos alternam entre o laboratório da escola e a sala de aula e vão aplicando o que aprendem em interações face-a-face com o professor; c) “in-class” blending: cada aluno segue um esquema personalizado de aprendizagem alternando entre ensino online e presencial.
O uso de videojogos é uma tendência no ensino, sobretudo pelo modo como a aplicação de dinâmicas típicas dos jogos podem tornar a aprendizagem mais divertida e motivadora. O desafio de usar a gamificação como pedagogia, refere a OCDE, assenta na ideia generalizada de que é um recurso que torna as aulas mais apelativas, mas não uma nova forma de ensinar e aprender.
O pensamento computacional como pedagogia não acrescenta apenas a ciência da computação ao currículo, mas procura compreender melhor a forma como os cientistas usam os computadores para resolver problemas reais. Usa também a programação e a codificação como uma nova forma de literacia.
Computadores e informática funcionam como interfaces entre as experiências do aluno sobre o mundo e o seu conhecimento abstrato e competências. No entanto, os dados do PISA 2015 mostram que atualmente a utilização da tecnologia na sala de aula tende apenas a reproduzir atividades mais tradicionais que poderiam ser realizadas sem o uso de ferramentas digitais (por exemplo, usar a Internet para fazer trabalhos escolares, conversar on-line). Enquanto isso, em média apenas 15% dos alunos participantes no PISA relatam fazer simulações em computadores na escola.
A aprendizagem experimental está focada na importância do processo de descoberta, no valor da negociação pessoal do significado e vê os ambientes de aprendizagem como experiências holísticas que exigem a experimentação ativa dos alunos com os seus pares.
O cluster da aprendizagem experimental inclui algumas das práticas pedagógicas que melhor representam a inovação nas escolas, garante a OCDE. A aprendizagem baseada em projetos (PBL, na sigla inglesa, relativa a project-based learning) é uma delas. Segundo os autores deste relatório, a PBL é usada num número considerável de escolas e de diversas maneiras, mas apenas por cerca de 30% dos professores dos países da OCDE, segundo o TALIS (sigla inglesa para Pesquisa Internacional de Ensino e Aprendizagem).
A aprendizagem incorporada refere-se a abordagens pedagógicas que destacam o papel primordial das experiências sociais e criativas e o envolvimento ativo do aluno para promover a aquisição de conhecimento. O que, segundo a OCDE, “implica uma mudança significativa nos sistemas educativos que tradicionalmente favorecem o pensamento abstrato, o indivíduo e a aquisição passiva de conteúdos.
Este cluster inclui uma ampla conceptualização da aprendizagem incorporada que engloba artes e aprendizagem baseada em design, novas abordagens à educação física e à cultura do “fazer”, do tipo faça-você-mesmo e faça-com-outros.
As múltiplas literacias focam a quantidade e a diversidade de plataformas e linguagens que os alunos precisam de dominar para se alfabetizarem, no sentido mais amplo. A aprendizagem baseada em problemas gira em torno das variáveis críticas e culturais através das quais os alunos constroem ativamente o significado dos textos.
O último dos seis clusters combina estas duas abordagens, situando o conhecimento no seu contexto político, cultural e autoral, desconstruindo narrativas através do intercâmbio e da colaboração. Além disso, é construído com base na vida e nos interesses dos alunos e das suas comunidades e os contextos históricos que os envolvem, o que favorece a participação de uma diversidade de alunos na sala de aula.