Formação de Professores

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Como estão a ser preparados os futuros professores para o ensino da leitura e da escrita?

Como estão a ser preparados os futuros professores para o ensino da leitura e da escrita?

O estudo “Como estão a ser preparados os futuros professores para o ensino da leitura e da escrita?” aprofundou o conhecimento sobre a formação inicial de professores, debruçando-se especificamente sobre a preparação para o ensino da leitura e escrita no 1.º Ciclo do Ensino Básico. Em concreto, o estudo permitiu saber se os cursos atualmente em vigor para a formação inicial de professores garantem as condições necessárias (quer ao nível dos planos de estudos, quer do corpo docente que os concretizam) para os futuros professores adquirirem o conhecimento científico e pedagógico necessário a um ensino da leitura e da escrita eficaz.

Recomendações

Julho 2022

  1. Integrar nos atuais planos de estudo o atual conhecimento científico sobre os processos psicolinguísticos envolvidos na leitura e na escrita, modos de mobilizar esse conhecimento nos processos de ensino-aprendizagem, as especificidades que derivam das características da língua e do código ortográfico do Português Europeu, e as dificuldades de aprendizagem da leitura e escrita.

  2. Alargar o estudo e compreensão do conhecimento científico ao que é produzido a nível internacional e em diversas áreas disciplinares (da educação, à linguística, passando pelo conhecimento nos domínios da psicolinguística e neurociências).

  3. Rever e atualizar regularmente a informação bibliográfica obrigatória fornecida a estudantes/futuros professores, e incluir na lista de referências de leitura obrigatória artigos científicos e manuais publicados em revistas ou editoras internacionais com processo de revisão por pares.

  4. Definir os conhecimentos e competências científico-pedagógicos que os futuros professores devem adquirir/demonstrar no decurso da formação.

  5. Definir as experiências de prática pedagógica, incluindo o exercício de planificação, ensino-aprendizagem e avaliação, que são indispensáveis à formação para o ensino da leitura e da escrita em todas as etapas de aprendizagem.

  6. Garantir a oportunidade de observação/simulação de boas práticas, e de exercício da planificação, ensino-aprendizagem e avaliação, sob supervisão, das diferentes componentes do ensino da leitura e escrita, nas diferentes etapas do processo de aprendizagem e com grupos de crianças de dimensão e desempenho variáveis, incluindo crianças com dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita.

  7. Estruturar a formação de forma integrada e sequencial, articulando o que é abordado nas diferentes UC da licenciatura e do mestrado, de modo a i) garantir que os conhecimentos e competências pedagógicas indispensáveis a um ensino eficaz da leitura são assegurados, e ii) assegurar o progressivo domínio e prática dos conhecimentos e competências pedagógicas.

  8. Criar condições internas, nas IES, para o fortalecimento de dinâmicas de trabalho colaborativo mais efetivas e sistemáticas, nomeadamente quanto à investigação associada às UC que cada docente assegura, quer através da redução do esforço associado à componente de gestão organizacional e burocrática do trabalho, quer da diminuição da dispersão das UC, quer ainda da garantia da estabilidade do corpo docente.

  9. Zelar e acompanhar a relação entre o envolvimento docente em projetos e a respetiva produção e divulgação do conhecimento, nomeadamente projetos interdisciplinares relacionados com o foco deste estudo (ensino e aprendizagem da leitura e da escrita).

  10. Estudar condições que promovam a divulgação de conhecimento produzido em revistas reconhecidas no meio académico e, em particular, as que são indexadas na Scopus e/ou Web of Science.

  11. Perspetivar formas institucionais para docentes que, não tendo formação académica de base no campo educacional, promovam oportunidades de desenvolvimento profissional relacionadas com o exercício da docência e com as UC nos níveis escolares para os quais estão a formar.

  12. Criar um template de Ficha CV mais estruturado, que uniformize a informação e apoie os próprios docentes no diagnóstico sobre a sua adequação às UC que asseguram. Apesar de ter havido uma melhoria da Ficha de CV dos docentes, usada pela A3ES, seria importante melhorá-la. Dada a relevância que o perfil académico e profissional dos docentes pode ter na qualidade dos cursos e na formação dos estudantes, este procedimento poderia contribuir para a melhoria, não só do processo de avaliação/acreditação dos cursos, como estimularia as próprias IES a criarem condições para que o corpo docente invista em atividades adequadas de desenvolvimento profissional. Neste sentido, considera-se que as fichas de CV deviam incluir os seguintes de campos específicos de recolha de dados:
    - vínculo dos docentes aos Centros de Investigação que referem;
    - tipo de reconhecimento pela FCT do Centro de Investigação que está a ser tido em consideração quando é referida essa pertença;
    - participação em projetos de investigação (com especificação de vários parâmetros associados, nomeadamente as que este estudo identificou e que constam da grelha construída para a análise);
    - atividades de desenvolvimento de natureza profissional (com especificação de uma diversidade de atividades possíveis, nomeadamente as que este estudo identificou);
    - publicações por tipo (revistas nacionais/internacionais; indexadas Scopus ou Web of Science/outras indexações/outro tipo de publicação).